- Área: 591 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Margarida Carvalho
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Fabricantes: ALUMIVALE, BRUMA, Kerion, LOVE Tiles, MICROCRETE, Neocim, Primus Vitória, Rubicer, Sanindusa, Sosoares, Swiss Krono AG, VELUX Group
Descrição enviada pela equipe de projeto. O espaço de intervenção era exigente: duas edificações com mais de 100 anos de histórias. Duas edificações distintas do início do século XX com dois grandes logradouros, que tinham como principal objetivo tornarem-se na nova sede da empresa de software Ubiwhere. Com marcas da passagem do tempo, as casas encontravam-se fustigadas pelo abandono, trazendo ao projeto redobrada complexidade. Localizado no centro da cidade de Aveiro, na célebre zona das “Barrocas”, o projeto está inserido numa área urbana consolidada e maioritariamente habitacional. A principal dificuldade seria manter a essência da passagem do século, adaptando-o aos dias de hoje com especial cuidado e autenticidade. Por isso, o principal objetivo foi o de preservar e restaurar as estruturas existentes nos dois edifícios, mantendo as marcas do tempo.
No primeiro edifício, de génese uni com 3 andares, optou-se pela preservação e restauro das estruturas existentes, de modo a valorizar a pré-existência e adaptá-la às novas circunstâncias, procurando ser o menos intrusiva possível. Foi aproveitado o pé-direito criado pela inclinação da cobertura, com recuperação das asnas e madres originais e foram colocadas clarabóias, que trouxeram luz natural à casa. Criaram-se, portanto, salas de reunião e espaços de trabalho, com nova identidade e conceito. Ainda no mesmo edifício, na antiga cave e atual copa, foi mantido um caráter mais despojado, em contraste com a carpintaria trabalha do piso superior, com a utilização do microcimento. Este piso é completado pela flexibilidade dada pela adição de pedaços de madeira de pinho que organizam e aquecem visualmente o espaço, e onde o material do piso se torna mobiliário. A viga cinta é um banco corrido, pontualmente interrompido pelos vãos exteriores.
No segundo edifício, de génese bifamiliar com 2 pisos, tendo em conta o seu agravado estado de conservação, consideraram-se apenas as paredes exteriores demolindo todo o seu interior. O objetivo foi intervir em toda a sua estrutura, organizando neste volume dois espaços amplos e minimalistas, permitindo que os espaços tivessem bastante luz natural, propícia a um bom ambiente para trabalho em equipa. A solução estrutural dos dois pilares funcionaram como suporte de cobertura e organizam a distribuição do mobiliário interior em 4 ilhas de trabalho.
O projeto existente colidiu com a principal dificuldade encontrada: a ligação entre os dois edifícios. Sendo a entrada principal, e com uma largura insuficiente, tornou o projeto ainda mais complexo. Com uma grande divergência de cotas entre os dois edifícios devido à inclinação da rua, o vidro foi o elemento escolhido, deixando antever o jardim desde a entrada principal na rua e funcionando como elemento aglutinador e impermeável. Além disso, a leveza das escadas, conseguidas pela espessura do material, conferiram à entrada principal superior modernidade e minimalismo característicos do conceito geral do espaço.
Nas fachadas principais, altamente fustigadas pelo tempo, foi colocado azulejo biselado de cor azul, unificando os edifícios e indo ao encontro do conceito da empresa Ubiwhere. Nas fachada laterais foi mantida a integridade das mesmas, utilizando materiais atuais para a sua reabilitação. Nas fachadas posteriores, optou-se por não unificar mantendo a diversidade formal característica da “Ilha do Canastro”.